CÃO SEM DONO
Se a ferrugem no sorriso entristecido desaponto,
contamina idéias e abusos meu encanto
não tenho pressa e nem tempo no entanto
só quimeras desvairadas por enquanto.
tampe os ouvidos feche os olhos nesse ponto
a sangria desta alma retalhada com tal pranto
é resquício desmedido da entrega do engano
as memórias e lembranças são rasgadas como pano
se eu num canto desencanto no entanto
por enquanto apareço por encanto
apague a luz, feche a porta, sinta o pranto
de ilusão cega os olhos desencanto.
se exponho a alma desapego ou desengano
é que a idéia do amor é abandono
futuro escuro de aquarela vou pintando
é que sozinho sinto-me bem um cão sem dono.