DESALENTO
O meu sonho é um rosto sem navio
Minha vida é uma âncora sem porto.
O meu sofrimento é um grande rio
Onde me sinto ir num barco morto.
Grande é o meu coração, como um vitral
que vai assim cheinho de ansiedades...
Revoltado me vou de original
me ser o choro fundo das saudades.
Aqui vivo na vida, sem viver,
o choro dos meus dias, neste nada
de sentir estas dores de não sofrer
na tristeza da minha caminhada...
A vida é o que a gente sente!
A vida é, como se vê,
O que dói profundamente
e não se sabe porquê.
LUIS COSTA
IN ANTOLOGIA FLORILÉGIO - 2 1987