DESEJO DE DE(S)ONHAR
Feliz?
Não conheces ainda este estado.
Não sei nem se ele existe.
Dizem que é uma porta…
E que abre-se de dentro para fora.
Pode ser. Mas a tua… fechada ainda.
Teus olhos… conheço-os.
Falam-me desta porta. Fechada.
Não posso abrir – Não a tenho tua em mim.
Passou. Não é como o brinquedo que sonhavas.
Não mais.
Sonhas… Tenho medo.
Tomara demores acordar… ou nunca acordes.
Pronto… vivas a sonhar. Sofro menos. Menos?
É. Deixa a lucidez para mim… vos suplico.
Tenho medo.
Vais querer abrir esta porta algures.
Onde?
Não será no que hoje vives.
E então? O que vou eu vos dizer?
Que eu bem te disse?
Não… seria demais para mim.
Que lamento?
Pode ser… Não. Melhor nada dizer.
Melhor chorar… consigo.
Sentir… muito mais que tu.
E desejar que nunca tiveste dormido para este sonho.
De frente com o real – tão banal.
Pouco para si.
Muito, muito para mim.
Pensei, um dia, ver minhas dores distantes. Findas.
Mas renovam-se. A cada vez que contemplo o Teu - Meu olhar.
Perco-me nele. Enlouqueço-me nele.
Enlouqueço. Sonhar ou acordar?
Ou sou eu mesma uma pobre e mísera sonhadora de si?
Enlouqueço. E quero parar.
Eu apenas queria… Parar.
Karla Mello
Maio/2011