TRISTE MAR
Ruge o doloroso mar
Ruge seco vagas de horror
À escuridão encerra breve ciciar
Quase pranto soluçou
Águas tão frias de morte
Velando dormente oceano pálido
Iluminado a débil astro archote
Colorindo sublime leito mortuário
Vagas rolam sofridas
Silvos mórbidos a arrepiar
Águas morrem esquecidas
Envolvendo o infeliz mar
O pranto feroz pende
O céu escarneia choroso canto
Trepida escassas rochas rente
Ao mar de angústias, o soterrando
As trevas agora consomem
Resquícios do que foi mar
Estrelas ao horror se escondem
Não há mais o que amar
Deserto, areia, pobres vidas secas
Estrelas, lua, sol, todos a repousar
Ouve-se apenas cantos de endechas
É a penitência do triste mar