Na reles sarjeta

e eu fui passando

entre estrelas e ilusões

entre sonhos e corações

e fui saindo, bem devegar

fui na estrada a caminhar

fui aquetando os passarinhos

que, em meio dela, cantavam sem parar

mas me viram, e também viram-se sozinhos

e foram,lentamente, parando de cantar

do céu me descem lágrimas, e caem

pétalas de cerejeiras e plumas delicadas

de aves, agora, desplumadas

que já não podem mais voar

então me seguem agora

entrando no meu mundo sem hora

bem devagar...

onde não se deixa morar

não...

não com meus vestimentos maltrapilhos

com meu cheiro noturno de porre

não com minha vida toda de martírios

ou meu sofrimento que a chuva escorre

sem rumo, nem luz eu ando

sem gosto ou respiração eu ando

sem esperança nem virtude eu chamo

sem acalento, pelo momento eu clamo!

que me passe essa dor...

e sem forças na estrada, não corro

só sigo cantando

e, quem sabe, assim me acabo e morro:

- sozinho chorando...