Cacos no Chão
A viola está sem cordas.
O vento invade o quarto, dança a cortina feliz.
A noite vem sem canção,
eu sigo sem coração
emoção esgotada,
pensamento cansado, olhar perdido.
Estrada longa - pernas curtas
e o solado gasto do sapato esgarça os pés,
estoura os calos.
engolida a dor, sem muletas
arrasto o velho corpo, alma gastada, pela estrada.
O vento beija o rosto,
seca o pranto,
vem num acalanto aliviar a dor.
Flôres enfeitam o caminho,
o perfume acaba, na carne ficam os espinhos.
O horizonte bem de longe indica o caminho...
a viola sem corda canta seu canto mudo...
a cortina derruba o bibelô,
Cacos no chão,
o vento sopra meu coração.
Paro o poema para juntar os cacos do bibelô,
misturados aos meus pelo chão.