Realejo da saudade
De um tempo que vida existia
Plangente canção apaixonada
Memória opaca banhada em lágrimas
Resquícios de dor e melancolia
Cantar solitário e tristonho
Mascarado de cinza concreto
Emoções segregadas agregadas ao medo
Desprovidas de afeto o carinho
Loucos ecos de negra solidão
Até quando pergunta a alma
Suportará o viver linear sem sentido
Na enxurrada incerta permeada de tristeza
Embarcação desnorteada perdida esperança
A procura de um distante porto inexistente
Borbulhas de emoção
Que teimam nascer em meio ao nada
Histórias mal vividas, inacabadas
Mascaradas de páginas viradas
De um amor friamente descartado
Maré ácida plena de amargura
Ventos e luas cheias perdidos nas ruas
Depressão de ondas gigantescas
A invadir sem pena a alma apenada pela dor
Espera do distante arco-íris para colorir o viver
(Ana Stoppa)