Meu luto

Vejo-me esses dias

Tão longe de mim

Tão desolado, calado

Escrevendo poesias

Vivendo uma história sem fim

Embriagado em minha sanidade

Tudo parece tão concreto, tão real

Tudo me deixa tão descrente da felicidade

Não por mal, não por ingenuidade

São só escolhas, nada mais

São simples escolhas que não me deixam em paz

Meus olhos vermelhos

Não tem mais lágrimas

Tão secos quanto minh’alma

Tão distantes quanto a calma

Que foge de mim incessantemente

Mas não me deixa morrer dignamente

Estes não são versos fúnebres

Nem cantigas do que já se foi

Mas não nego que enfim

Morreu uma parte de mim

Ela descansará nos pensamentos meus

Lá no fundo, onde nem mesmo eu posso chegar

Que seja eterno o meu luto

De agora em diante, meu crepúsculo

Será sombrio, será um triste e seco rio

Esperando a chuva próxima

Para de novo encher, voltar a viver...