“A poesia fugiu”
(Luiz Henrique)
A poesia fugiu do mundo
Levando junto em sua bagagem
Ingênuos sonhos de amor eterno
Quiçá não se demore
Que seja breve em seu retorno
Sem ela a vida se fará um inferno
A poesia fugiu do mundo
Restou aos homens o egoísmo
Em espasmos de prazeres fúteis
Num ir e vir corrido
Nas relações sem profundidade
Pequeninas, apressadas e inúteis
A poesia fugiu do mundo
A cidade ficou desértica
Ficaram ruas, carros, postes e fios
Os olhares já não se cruzam
Nessa perambulação automatizada
E os prazeres do amor são apenas cios
A poesia fugiu do mundo
E a volúpia de um amor maior
Se lhe fez acompanhar e com ela conviver
Sobrou a alegria intermitente
Dos anúncios nos letreiros luminosos
E o saldo residual que ainda se precisa viver
A poesia fugiu do mundo, descrente e desmoralizada
E deixou por legado uma desumanização generalizada
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