*** Cair da Tarde ***

São quatro paredes!

Nuas, sem cor, sem encanto

Não! Não existe mais

O movimento dos pés descalços

Pelo carpete macio

Tão pouco o esvoaçar daquela saia

Branca, ao cair da tarde

Ainda tenho viva na memória

O teu sentar displicente e quase infantil

Enquanto calado te mirava

Era tudo tão real, já fazias parte

Da vida íntima de cada dia

Era tão bom...

Quando tinha o teu riso a compartilhar

Pequenas emoções e grandes silêncios

Tudo tão irrisoriamente

Perfeito... Pensei que jamais

Fosses partir

Tolo que fui! Pois partiste e eu

Covarde deixei que partisse meu coração

Que já era teu

Agora! Olho as parede vazias

O silencio... Já não consigo ficar

Nesta sala absurda sem você.

Jundiaí, 1º de dezembro de 1983.

Darcy Bilherbeck.

Bilherbeck
Enviado por Bilherbeck em 22/04/2011
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