Palavras susurradas pelo tempo.

Parado está o tempo, congelado com minhas lágrimas.

Meus lábios estão secos.

Eu os mordo tentando encontrar alguma coisa viva dentro de mim.

O sangue que deles saem seco também está.

A dor atrofiou minhas ilusões e paralisou minha alegria.

E hoje eu vivo na completa agonia.

Não, eu não sinto mais o vento.

Ele passa por mim sem me tocar e se toca, meu coração não percebe.

O meu coração se perdeu no caminho dos espinhos.

Ele caminhou por estradas sem fim: foram longos os caminhos em busca de paz, até que se cansou.

Mas, mesmo longe alguma coisa ainda grita.

Ainda grita aqui dentro.

O tempo passa com ligeireza, mas ainda consegue me dizer que se estou longe de tudo, ainda não cheguei ao nada.

Agora eu ouço vozes vindas do lado obscuro do meu ser.

Fico petrificado, serão os anjos que vem vindo?

Mas, não, não são os anjos.

São apenas vozes confusas.

Elas são como o zunido do medo que invade as trevas de minha alma.

Ali onde feridas foram abertas.

Sonhos foram sufocados.

E as esperanças represadas.

Ali onde desejos se perderam.

Lágrimas se rebelaram.

Ali onde ilusões foram esmagadas.

Oh, eu ainda a vejo.

Eu posso ver no espelho a imagem de uma criatura transtornada e despedaçada.

Os meus olhos são os teus olhos.

Os teus olhos são os olhos meus.

Minha dor reflete a tua dor, e a tua dor reflete a minha dor.

Dor que é tudo de vivo que há em mim.

Foram se os sonhos.

Foi-se a esperança.

Foram se as ilusões.

E as alegrias nunca vividas.

Mas, a dor permaneceu.

Oh, mas o tempo me fala coisas.

Ele diz que se estou longe de tudo, ainda não cheguei ao nada.

Agora vem o silêncio.

Tudo em mim se cala.

Mas, o tempo rompe com a ditadura do silêncio.

Sim, o tempo sempre me fala coisas.

Ele diz que se estou longe de tudo, eu ainda não cheguei ao nada.

Não, eu ainda não cheguei ao nada.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 20/04/2011
Reeditado em 23/04/2011
Código do texto: T2920746
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