NÃO TENHO

Na longitude ébria do sol

Adquiro negras nuvens e vazias

Que se acumulam nas asas macias

E à tarde já amarelam algum girassol

Palavras tão inesperadas gravam

Lembranças no cintilar do mar

Onde rebusco um bouquê para amar

As muralhas de lembranças que nadavam

Agarro-me num voo do céu

E despenho-me no crepúsculo

De uns murmúrios presos ao véu

Em que enviúvo o rosto de musculo

Não tenho nem mais palavras

Grávidas de poemas

Ou dilaceradas nos lemas

Tenho apenas mãos suadas em lavras

Benguela, 13/04/2011

Nkazevy
Enviado por Nkazevy em 20/04/2011
Reeditado em 27/12/2014
Código do texto: T2919757
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