NÃO TENHO
Na longitude ébria do sol
Adquiro negras nuvens e vazias
Que se acumulam nas asas macias
E à tarde já amarelam algum girassol
Palavras tão inesperadas gravam
Lembranças no cintilar do mar
Onde rebusco um bouquê para amar
As muralhas de lembranças que nadavam
Agarro-me num voo do céu
E despenho-me no crepúsculo
De uns murmúrios presos ao véu
Em que enviúvo o rosto de musculo
Não tenho nem mais palavras
Grávidas de poemas
Ou dilaceradas nos lemas
Tenho apenas mãos suadas em lavras
Benguela, 13/04/2011