ACORRENTADO
De pés descalços sepulto
meu involuntário e assaz trilho
preso em montanhas rudes de culto
Nas quais desafio o sol sem gatilho
De mãos atadas, alarido
mas ninguém me ouve
porque meu rosto falido
emagreceu no respingar da couve
De boca moribunda lacrimejo
Minhas lágrimas sobre torrentes
E em catadupas minha alma de pejo
Afoga no sol e se encarcera em correntes
De pés descalços …
Um abraço, peço emprestado
E de mãos atadas fumo maços
De chuvas secas nesse olhar desesperado...
Benguela, 13/04/2011