UM OLHAR SEM SONHOS

Vão-se-me os anos,
Soberanamente,
Causam-me danos,
Rupturas.
Fica-me a saudade,
A não presença tua,
Um vácuo que se perpetua,
Na errante realidade,
Desafinada lira,
Que me atira,
Imprudentemente,
Nos braços da loucura.
Vão-se-me as quimeras,
A vitalidade,
A boa sorte,
Conjecturas.
Fica-me um olhar,
Sem sul/sem norte,
Uma inútil espera,
Um eu sem ar,
Que não aceita,
Essa desventura.
Fica-me a presença,
Suspensa,
Da morte,
Que silenciosamente,
Me espreita.