Um grito na escuridão...
“Vozes do silêncio,
Vozes das dores,
Voz de um sofrimento mesclado com tua maneira
de ser diante de mim...” (Frei Tito)
No dia das cinzas
quando
a pequena cidade se recolhe
após dias de folia
no silêncio da noite adormecida
uma voz
ecoa pela praça deserta:
Nesse momento
torno-me refém
de alguém
sem nome e sem bandeira
de prosa mansa e traiçoeira
que muda meu rumo
e meu destino...
Ah, se outra vez fosse menino
a brincar de pique e esconde
entre as árvores desse jardim!...
“− cabra cega de onde ‘ce veio?
− do morro vermelho!”...
− Cale-se!!!...
..., infelizmente
o sonho dissipa no ar e
atravesso as ruas quietas e tristes
sob a mira de uma arma em riste
que me leva
para onde não quero ir...
Nem sei se ando ou
flutuo enquanto
imagens queridas
abordam-me a mente:
... mãe,
pai,
família,
amigos...
... o que será da minha vida?...
Penso nos meus alunos
no meu trabalho,
na escola...
E agora?...
Minha juventude perdida;
Torturada;
Invadida;
Maltratada;
Ah, noite de cinzas
e eu trancafiado
enjaulado
entre paredes tintas de sangue
sem direito a nada
nem mesmo pão
nem água
nada!
Rotularam-me!
Desclassificaram-me!
Envergonharam-me!
A loucura estabelecera nesse país
nessa pátria tão amada
idolatrada!...
A alma vilipendiada
resultara também enclausurada
condenada
a viver sem dignidade
e sem razão...
Ah, se as flores vencessem o canhão!...
........................................................
Noite longa
noite adentro
enquanto na minha mente
cheia de pasmo,
e de tormentos
martelava
incessantemente
o artigo 9º dos direitos humanos:
“ninguém será arbitrariamente
preso, detido ou exilado... “
Dado e passado
na noite de cinzas
de minha terra natal
de um longínquo e fatal
11 de fevereiro de 1970...
........................................................
Vinhedo - SP, 25 de março de 2011.
“Vozes do silêncio,
Vozes das dores,
Voz de um sofrimento mesclado com tua maneira
de ser diante de mim...” (Frei Tito)
No dia das cinzas
quando
a pequena cidade se recolhe
após dias de folia
no silêncio da noite adormecida
uma voz
ecoa pela praça deserta:
Nesse momento
torno-me refém
de alguém
sem nome e sem bandeira
de prosa mansa e traiçoeira
que muda meu rumo
e meu destino...
Ah, se outra vez fosse menino
a brincar de pique e esconde
entre as árvores desse jardim!...
“− cabra cega de onde ‘ce veio?
− do morro vermelho!”...
− Cale-se!!!...
..., infelizmente
o sonho dissipa no ar e
atravesso as ruas quietas e tristes
sob a mira de uma arma em riste
que me leva
para onde não quero ir...
Nem sei se ando ou
flutuo enquanto
imagens queridas
abordam-me a mente:
... mãe,
pai,
família,
amigos...
... o que será da minha vida?...
Penso nos meus alunos
no meu trabalho,
na escola...
E agora?...
Minha juventude perdida;
Torturada;
Invadida;
Maltratada;
Ah, noite de cinzas
e eu trancafiado
enjaulado
entre paredes tintas de sangue
sem direito a nada
nem mesmo pão
nem água
nada!
Rotularam-me!
Desclassificaram-me!
Envergonharam-me!
A loucura estabelecera nesse país
nessa pátria tão amada
idolatrada!...
A alma vilipendiada
resultara também enclausurada
condenada
a viver sem dignidade
e sem razão...
Ah, se as flores vencessem o canhão!...
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Noite longa
noite adentro
enquanto na minha mente
cheia de pasmo,
e de tormentos
martelava
incessantemente
o artigo 9º dos direitos humanos:
“ninguém será arbitrariamente
preso, detido ou exilado... “
Dado e passado
na noite de cinzas
de minha terra natal
de um longínquo e fatal
11 de fevereiro de 1970...
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Vinhedo - SP, 25 de março de 2011.