1977
E durante toda aquela noite, eu, passeando sob a luz do sol,
No interior de minha carruagem
Ouvindo o canto das flores e das corujas,
Inalando o doce gosto da tua alma e devorando o insosso cheiro de tua pele
Via-me acordado e louco
Procurando indícios do porque havera me abandonado
E encontrando em cada canto: nenhuma explicação.
Passaram-se um milênio, e hoje,
Encontro-me na feliz agonia de mais um dia anoitecer e eu estar vivo.
O intenso fogo da lua aquece o seu corpo em minha pele; e esfria
Aquela mesma alma que devorei até últimos dias de morte em que eu estive ao seu lado.
Hoje, me aqueço com aquele triste sorriso oculto, minha Monaliza.
No seio de minhas mãos: a dor. Dor que toda noite me leva à mesma carruagem onde busco explicações para entender o porquê que minhas digitais encontram-se desenhadas naquele funesto punhal e que não permite que eu adormeça há 1977 noites.