É culpa sua.

Todos os dias olho para o meu deplorável corpo e me pergunto: "Como foi que você conseguiu me transformar nessa porcaria de pessoa?"

Rasgo todos meus trajes de grife na tentativa de mostrar quem realmente sou mas, minha pele falsa, toda costurada e esticada ainda cobre o oque tanto luto para por em exibição.

(É culpa sua)

Entre uma dose e outra de Prozac, sinto espasmos de felicidade e dou o sorriso esboçado mais cínico do mundo.

(É culpa sua)

Me envaideço, entristeço e enfureço. Depois de uma cartela de Valium a calma se deita sobre mim e só dessa maneira é que paro de me multilar.

(Você me fez assim)

Então tento chorar e não consigo. Observo essa situação ridícula escutando um triste blues que diz: "I can't stop loving you". Choro, desabo e cada acorde parece que vai me enforcando, retirando de mim resquício de vida.

(É culpa sua).