Meu Pai e o Catolé

Prólogo: Meu pai, Joaquim Zéca da Silva, faleceu em fevereiro de 2007, com 93 anos de idade. Catolé é um tradicional bairro desta cidade de Campina Grande-PB, onde meu pai viveu durante quase oitenta anos.

A súbita parada da tua trolha de pedreiro,

Companheira de tuas obras de alvenaria,

Lembra o Catolé, ontem simples bairro,

Que com o passar do tempo, aparecia

Como bairro líder da grande Campina,

E que contigo ainda mais belo se fazia.

A grande avenida que te abrigava,

Ainda sente a tua partida inesperada,

Com saudade das tuas loas naturais,

Apenas com uma diferença triste,

Com a diferença que o Catolé existe,

E tu, meu pai, já não existes mais!

Ontem, era o bairro fedido das matanças

Clandestinas, mas aceitas pelo povo,

Onde muito faltava, hoje não falta mais

Mas há uma realidade triste,

A certeza de que o Catolé existe,

E, tu, meu pai, já não existes mais!

Assim, meu pai, vivestes o Catolé,

Que, com tuas mãos, ajudastes a crescer,

Construindo, edificando coisas reais,

Deixando ainda essa lembrança triste,

A lembrança de que o Catolé existe,

E tu, meu pai, já não existes mais!

Hoje, é o bairro das faculdades,

Dos shoppings e das lojas granfinas;

Ruas asfaltadas, avenidas e canais;

Mas tudo com uma saudade triste,

O fato de que o Catolé existe,

E tu, meu pai, já não existes mais!

Ainda passeamos por ruas do bairro,

Antes tuas velhas conhecidas,

E pelas quais tu não desfilas mais.

E ali nota-se uma ausência triste,

A evidência de que o Catolé existe,

E, tu, meu pai, já não existes mais!

Mas, para os teus entes queridos,

Pouco importa a existência deste bairro,

Pois, em nossa mente, ainda vivo estás,

A tua ausência material é triste,

E nada conta se o Catolé existe,

Se tu, meu pai, já não existes mais!

Campina Grande, PB, 25 Dez 2007

Joanilson
Enviado por Joanilson em 11/04/2011
Reeditado em 08/08/2020
Código do texto: T2902972
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