Para o Vento
O Vento suave,
que conduzia seus sonhos
felizes,
agora tornou-se impiedoso
e violento: oferece-lhe
o pesadelo das noites caladas,
sem estrelas reluzentes
ou luar.
Há o frio polar,
congelando-lhe a alma
doce e verdadeira.
Não sonha mais versos
dourados: reflexos de amor.
Apenas canta
uma canção melancólica
para o Vento.
Sob o travesseiro,
que repousa em seu leito,
o livro das angústias,
guardadas no peito,
é sua companhia, seu companheiro...
Sua revolta é ainda maior:
sabe que não é Poeta,
como o Vento traiçoeiro.
Se assim o fosse,
poderia concretizar sua Dor,
que não passa, nem mesmo
com o rolar delicado das lágrimas
sobre sua face de traços tristes.
Ao contrário,
dilacera sua alma,
aprofunda-se mais...