TRISTEZA
Há quantos dias estamos a esperar a morte e ela não chega?
Há quanto tempo nossas vozes não têm força para cantar?
Há quantos minutos tu e eu não reclamamos
do excesso de sol, do excesso de chuva,
da tarde que nunca termina?
Há quantos segundos não fitamos as próprias mãos
e sentimos os calos doerem, as pedras dilacerarem
a parca esperança entre os dedos?
Os dias são estranhos, turbulentos.
Já não há mais ternura, nem calma ou lógica.
Os homens se expõem, se revelam
em uma imensa exposição de esqueletos.
Sonham serem ícones de uma tolice sem fim
com a inteireza de um osso fraturado.
Os homens não têm mais crença, não rezam:
seus olhos são confrontadores.
Desafiam a divindade
como se algo mais fossem
e se enganam, pois
não passam de pó e água.
Somos lama
e a lama é, por estrutura, movediça, frágil.
Não mais olhamos o céu
com aquele sentimento de poesia.
Nossa sina é agora investigar os detalhes do chão
na busca de algum velho diamante,
de um caminho que os mapas perderam.
Nem mais sentimos o fogo da idade:
a nossa pele em combustão não nos choca
e saudamos a velhice
como quem saúda o soberano vencedor
e, de joelhos, imploramos por mais dias.
Agarrados a um passado frio,
tentamos parecer menos infelizes
com esses dias amargos brotando teimosamente
na folhinha do calendário.
Há que se tentar vencer a angústia.
Mas não é possível
com a falsa alegria posta à venda.
Não nos preenche o álcool,
não nos completa a fé
vendida em templos virtuais,
o discurso da auto-ajuda não nos chega aos ouvidos.
Queremos outra coisa além do amor mútuo.
Queremos talvez o inatingível.
Viver talvez seja navegar para o desconhecido.
Há quantos dias estamos a esperar a morte e ela não chega?
Há quanto tempo nossas vozes não têm força para cantar?
Há quantos minutos tu e eu não reclamamos
do excesso de sol, do excesso de chuva,
da tarde que nunca termina?
Há quantos segundos não fitamos as próprias mãos
e sentimos os calos doerem, as pedras dilacerarem
a parca esperança entre os dedos?
Os dias são estranhos, turbulentos.
Já não há mais ternura, nem calma ou lógica.
Os homens se expõem, se revelam
em uma imensa exposição de esqueletos.
Sonham serem ícones de uma tolice sem fim
com a inteireza de um osso fraturado.
Os homens não têm mais crença, não rezam:
seus olhos são confrontadores.
Desafiam a divindade
como se algo mais fossem
e se enganam, pois
não passam de pó e água.
Somos lama
e a lama é, por estrutura, movediça, frágil.
Não mais olhamos o céu
com aquele sentimento de poesia.
Nossa sina é agora investigar os detalhes do chão
na busca de algum velho diamante,
de um caminho que os mapas perderam.
Nem mais sentimos o fogo da idade:
a nossa pele em combustão não nos choca
e saudamos a velhice
como quem saúda o soberano vencedor
e, de joelhos, imploramos por mais dias.
Agarrados a um passado frio,
tentamos parecer menos infelizes
com esses dias amargos brotando teimosamente
na folhinha do calendário.
Há que se tentar vencer a angústia.
Mas não é possível
com a falsa alegria posta à venda.
Não nos preenche o álcool,
não nos completa a fé
vendida em templos virtuais,
o discurso da auto-ajuda não nos chega aos ouvidos.
Queremos outra coisa além do amor mútuo.
Queremos talvez o inatingível.
Viver talvez seja navegar para o desconhecido.