A INSPIRAÇÃO CALOU (Luto)

Precisamente na manhã de 02 de maio de 2007, com a postagem do texto "Palavras que só tu entenderias", eu aportava nesse Recanto. Portanto, daqui a um mês completarei quatro anos nessa jornada. Houveram algumas interrupções, retirei-me com algumas intermitências, por motivos vários, como a hostilidade de pessoas enciumadas, o ataque de quem questionava as intenções do meu trabalho, o desatino de quem confundia a fantasia das letras com a concretude das realidades, além de uma série de outras formas de perseguição (o que por sinal, nunca acabou), que, por me causarem algum abatimento, acabavam me levando a períodos de reclusão e reciclagem interior. Todavia, nunca apaguei meu perfil e nunca desisti do universo poético. Mesmo enquanto estava ausente, daqui eu continuava a compor, lotando minha caixa de rascunhos, para eventuais postagens, assim que decidisse regressar. Em outras palavras, apesar dos pesares, a inspiração jamais cessou!

Eu tenho uma experiência muito interessante e já consolidada aqui com meus colegas escritores e com pessoas extremamente gentis que me apoiam e me lêem. Muitas dessas pessoas estabalecem contato comigo através das redes sociais e do email. São muito comuns as perguntas e as curiosidades a meu respeito, acerca de boatos que circulam sobre mim e também no que tange a detalhes relacionados aos meus poemas. Tento ser gentil e atencioso com todos. Nem sempre consigo, nem sempre agrado (alguns se magoam, acham-se desprezados por mim), porém sigo tentanto acertar, expressando minha humilde e sincera gratidão a todos. E dentre tudo que me perguntam, uma das questões mais recorrentes é: "De onde você tira tanta inspiração?". Costumo dizer que sou governado por ela, que não a procuro e que nós apenas co-existimos. E de fato, tem sido assim desde que me entendo por gente.

Mas quero aqui confessar algo: hoje eu me sinto vazio, desertificado, uma fonte seca, um terreno árido, uma alma muda. Hoje a inspiração me abandonou!

Atribuo isso ao sentimento de profunda tristeza e estarrecimento que me acomete, em função do ocorrido ontem na escola municipal do bairro Realengo no RJ, onde a inocência de algumas crianças foi submetida à diabólica brutalidade de um lunático criminoso.

Eu tenho dois filhos (razão de meu viver): Jhonatta de 14 anos e Ana Raquel de 11 anos. Ambos da mesma faixa etária dos anjos que morreram e que também estavam em sala de aula estudando, no mesmo horário em que o fato ocorria. Como pai eu posso e consigo sentir a dor dos familiares e confesso que mesmo à distância, isso me enfraquece os ossos, me tira o ânimo existencial e me propicia um sentimento de absoluta revolta com tudo aquilo que o ser humano se tornou nesses tempos decadentes.

E o que resta? Orar, refletir, apoiar as almas fraturadas e trabalhar dentro de nossos próprios lares, sendo exemplo de conduta a nossos filhos, dialogando com os mesmos diariamente, norteando seus passos rumo ao bem e alcançando o que nos sobrou de fé, a fim de que nós também não choremos por nossos filhos, como esses familiares hoje choram pelos seus.

Eu peço desculpas, mas farei três dias de silêncio por aqui, em honra e homenagem a quem mereceria viver, mas, infelizmente, dentre nós não mais está!

Agradeço a compreensão.

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 08/04/2011
Código do texto: T2896248
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