Um ano de solidão

Introdução.

Perder alguém que se ama é profundamente doloroso.

Há que se perguntar se a dor maior é perder repentinamente ou através de uma "morte anunciada"... Não importa. Ela, a morte, traz no seu bojo o desmoronar de muitas vidas.

Uma suave rotina

Envolvia nossas vidas

Mas, traiçoeira neblina

Encobria, lá na esquina

Cruéis, atrozes feridas

Ela entrou devagarinho

Quase miniaturizada

Instalou-se de mansinho

Alojou-se, num cantinho

Como quem deseja nada

Aos poucos manifestou-se

Mostrando, enfim, a que viera

Muitas dores, choros trouxe

Com sonhos, planos, chocou-se

Várias vidas desespera

Chegando ao fim da estrada

Como extrair alegria

De uma morte anunciada?

Mas, co'a vida condenada

Muito amor, carinho, havia...

O futuro a naufragar

Esposa? Amigos? Filhos?

Pode-se a morte driblar?

Lembro ainda o seu olhar

Triste, soturno, sem brilhos

Prá buscar consolação

Levei-o por trilhas, parques...

Soluça o meu coração

Plageando Garcia Marques:

"UM ano de solidão"