Os reflexos no espelho

Entre pedras largas

Excluo, escondo, do peito dores

Lágrimas sedentas de presença

O Horror aos olhos clama

Não há mais chama, meu nome não chama mais.

Veste tua seda infinda

Desliza pela alma segredos seus

Enlouquece minha calmaria

E some, como se nada houvesse deixado para trás

Ainda aguardo o ultimo ar

O suspiro, o ventar nos cabelos

Corro com medo das minhas próprias mortes

E morro nelas a cada dia mal amanhecido

Seiva de planta amarga

Qual face ei de ter?

Devo a minha culpa ao desespero

Meus pesadelos ao travesseiro

Que atravesse eu

Infindavéis noites sem sono

Astronauta do espaço vazio

Entregue ao próprio abandono.

Sufoco em dramas meus

Em inveja infinita do tempo que me rouba as horas

Dos meus passos mal calculados

Poeta desrotulado, desregulado e sem muros

Mas ainda cercada das proprias menções

Tens de mim o que quer

Quem sou eu?

Quem é você?

Reféns do próprio espelho

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 05/04/2011
Reeditado em 05/04/2011
Código do texto: T2891358
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