A passagem do tempo

Olho atônito para essa multidão...

Perco-me nesse emaranhado de pensamentos...

Confundo-me na loucura de ser...

Acabo, portanto, entrando em conflito com minhas infinidades de pessoas.

Chegando a conclusão de que também sou multidão...

E que também sou conflito...

E que também sou! E somente sou!

O tempo passa e nessa passagem repentina sinto o peso da realidade!

Descubro que sensações não se descobrem;

Que perguntas nem sempre tem respostas;

Que a vida não é simples nem certa!

Descubro que sonhos pueris não são simples e fáceis de serem realizados –

Justamente por serem apenas sonhos!

Descubro que flores murcham

E que a vida não é um imenso jardim enfeitado por rosas;

Fechado por altas e belas árvores e coberto por sol...

A vida é a tristeza estampada em rostos cansados!

É a idealização de peitos chorosos por alegria!

Ah... Mais fácil é a observação...

Parar! Parar e pensar em tudo!

É mais fácil sentir o sol por lembrança...

É mais fácil deixar-se à janela e, de longe ver a passagem das crianças e invejá-las por passarem;

E invejá-las por estarem sempre se perdendo em brincadeiras;

E invejá-las por serem apenas crianças!

É mais fácil encontrar-se à noite brincando no campo sombrio de incertezas

E afogar-se em lágrimas e em saudades do silêncio companheiro!

Ah... O tempo passa e traz consigo cansaço.

E esse cansaço transcende, alcança e influencia!

E o sol se põe...

E a janela cansa-se pelo apoio e se fecha...

As crianças ainda brincam na noite...

Mas as flores murcham...

Os olhos observam...

E o tempo passa.