MANHÃ, dia 11

                Relembrando um poema de Sankichi Toge,(Manhã)
                                                                                                    

ELAS SONHAM,

as flores de Fukushima, sonham,
não sabendo que em breve, a neve virá
junto ao inimigo invisível, e de leve,
seus sonhos serão apenas pesadelos
e o silencio será testemunha de vidas
pisoteadas naqueles campos desertos,
e cobertos de alva neve....

ELAS SONHAM,

naquela última manhã, onde a vida é um sonho
translúcido, e inda se ouve o canto dos pássaros
e sente-se o suave perfume das flores de
Fukushima...

ELAS SONHAM,

o sonho de suas pétalas orvalhadas e revestidas
de alva neve, que a brisa suave do tempo leva
seus átomos de vida a outras vidas, naquela
bela manhã, seja no orvalho que umedece,
seja na alva neve, que não pára de cair....

ELAS SONHAM,

o sonho de várias gente, que sonham um sonho
diferente, um sonho translúcido, que se transformam
em dardos letais, e faz os campos nevados de
fukushima, na mortalha de seus filhos....

ELAS SONHAM,

um sonho antigo, onde não se viu abrigo,
quando o perigo invisível, em forma de amigo,
iluminou o céu de Hiroshima, e as flores
e os seus filhos foram varridos para sempre
sob o sol atômico de Hiroshima...

ELAS SONHAM,

o último sonho, sob o último suspiro da brisa do sol,
e do derradeiro pingo do orvalho, ainda límpido e
translúcido, na inocencia da abelhinha que lhe
afaga pela última vez.....

TALVEZ,

as flores de Fukushima, nos ensine,
que a vida seria mais simples e mais amiga
se aprendéssemos uma antiga lição...

TALVEZ,

a palidez e a flacidez de suas pétalas orvalhadas
que se quedam silenciosamente, diante o inimigo
invisível, nos ensine mais um vez, que a vida
é um momento singular, onde o canto dos pássaros,
e o suave perfume das flores, são o reflexo de DEUS
na terra, e o legado de sua herança e a aliança,
entre o céu e a terra...entre o céu e os homens...

PORÉM, ELAS SONHAM,

o último sonho, onde os pesadelos
apenas começaram,
e talvez após os pesadelos,
a lição seja aprendida mais uma vez,
e as flores de cores vivas e de
perfumes suaves de Fukushima,
sejam recolhidas novamente,
úmidas do orvalho
translúcidas
ao amanhecer
de todos os dias....



(Sankichi Toge, foi um sobrevivente da explosão nuclear de
Hiroshima, e faleceu em 1953, os 36 anos, e que as singelas
flores do antigo Bacalhau, nos ensine um antiga lição, se
não aprendermos recolher flores, semearemos tsunamis..)

país de Guarapiranga, 11/03/11.
Marco de Nilo
Enviado por Marco de Nilo em 22/03/2011
Reeditado em 15/06/2017
Código do texto: T2863221
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