O fim e as flores
Sem formas, sem sons,
Só o gemido mudo da alma dilacerada.
Assim caminha o poeta
Sem sombras, sem sobras, sem nada.
Sangra o peito e chora, ó alma sem paz e nem alento
Chora, pois vieste fora de tempo
Amor que assim se ignora.
Foste como vieste ,
Na noite escura e sombria
E sem que pudesse eu alentar ,
Minha alma ficou vazia.
Corpo só, ferido e andante
Farrapo de nada , sem alma
Miserável criatura vazia
Sem acalanto e sem calma.
Frias flores lhe ornam a face
Nesta triste urna sombria
Tens , no fim oque lhe faltou
Por toda tua vida vazia.
A terra por companheira, o silêncio por primazia.
Tens a paz que enfim buscaste
Por toda uma eternidade
Ainda que agonize no peito
A triste dor da saudade.