Hedionda quimera.
Ah, quem me dera,
Livrar-me da hedionda quimera.
E perdido por entre cigarros
E nostalgias,
Sentia nessas horas d’agonia
O terror da vida que tivera,
E a voz presa na garganta dizia
Por entre lágrimas eu ouvia:
Oh, o vento queima
Os anos queimam
A solidão dessas horas
Desperta vorazmente
A vã dor vulcanizada,
Os sonhos cortam
A vida mata.
Oh, olha a chuva, olha o vento,
Precipita o firmamento
Sem demora.
Dos jardins dos deuses
Restou-me apenas
A frágil aurora,
Tristes cantos
Uivos,
Frios lamentos.
No rosto,
O toque úmido
Do mar
De suas assustadoras ondas azuis.
_ sonhos tortos
Fanados a miséria.
Ah, quem me dera,
Livrar-me da hedionda quimera.