Fisgado

A vida me fisgou pela traqueia

sangrento, me debato igual a um peixe

e não me vêm a maldita da idéia

que tire o anzol da boca e que me deixe

Livre para raciocinar livremente

mas falei dos tabus bem guardados

eu mostrei as portas aos algemados

falei a verdade daquele que mente

Por esta razão somente é que fui fisgado

por não seguir os gastos rastros do gado

deixar que minha mente fosse fértil e clara

oussei tentar ver as janelas que nos separa

Além da janela, o nada que eu via, que sempre foi e que já era

era nada mais do que porta da frente de um longuissimo Além

mas com um muito maior desespero, uma tão gigantesca cratera

um buraco com menos luz que aquela que os buracos negros tem

Lá estava a lata de lixo de todos os seres que nos comandavam

os cadaveres temiam o fim imaterial para onde nos mandavam

tremiam de medo, temendo eles possibilidade eminente de dor

mais eu que, em vida, a-conheci bem, fui sem o mesmo tremor

Do outro lado, que surpresa mais que inesperada

tú estavas lá tambêm sofrendo tudo, dizendo nada

naquele seco quebrar da constantissima chibatada

foi nesta hora apenas que me quebrantei, numa dor pura

Se confundiu então, o meu montruoso capataz

tentando entender meu choro mas não foi capaz

minhas costas eram lizas, a carne estava em paz

mas cada lagrima tua doia mais do que qualquer tortura!

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 17/03/2011
Código do texto: T2853525
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