Derradeiro amor
O samba que nasce dos sonhos
De um bêbado qualquer
Que traz a angústia nos ombros,
E no coração uma mulher.
Palpita no corpo dolente
Embalando seu sofrer,
Germina na dor a semente
Do inóspito viver.
Afogado em poças de lágrimas
Providas pela partida,
Da senhora dos sonhos dourados,
Que fora sua vida.
Estertora em semitons,
As batidas em seu peito
E as notas cansadas nas cordas
Vão caindo sobre os seios.
Da dama que dorme silente,
Branca e inerte em braço frio
A morte a torna aducente
Dando viés a seu delírio.
Rio de Janeiro, 15 de março de 2011.