Nuns versos foram encontrados
Dois fios de cabelos que eram teus
E dois poemas de amor rasgados
Dum tempo que teus olhos eram meus

Eram só uns versos desenganados...

Na folha que ali naquela mesa jazia
Todo o silêncio do mundo pairava
Houve um tempo em que jorrava poesia
E tu me amavas tanto quanto eu te amava

Eram só uns versos desamparados...

Poesia de merda numa merda de poesia
Que tanto se esvazia para te dizer te amo
Mas este grito insano quem ainda ouviria?
E quem atenderia um morto que chama?

Eram só uns versos abandonados...

Perco a mão, a métrica, a inspiração e o juízo
Por este amor posto de lado perco o que for preciso
Na folha em branco perco a palavra que não diviso
A poesia que não adivinho nesse amor de prejuízo

Eram só uns versos mal aproveitados...

Do lado de cá dessa imensa saudade
Todos os sonhos e desejos tão distantes
Como crer ainda no amor e na felicidade
Sem tornar esses versos tão insignificantes?

Eram só uns versos desencantados...

Há ainda poesia neste amor posto de lado
Mas não passa de mais um desperdício
É só voo não ousado e passo não dado
E um grito calado na beira do precipício

Eram só uns versos desesperados...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 13/03/2011
Reeditado em 25/07/2021
Código do texto: T2845389
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