Aposentadoria.

Hoje bateu aquela velha vontade de "aposentar minhas chuteiras”!
Não quero mais jogar nesse jogo da vida.
Quero deixar minhas preocupações.
Quero deixar que a vida sinta saudade mim.
Cansei, ufaa! Estou cansado dos passos de uma caminhada sem estimativa de acabar.
Estou de braços abertos, largado entre o lavabo junto com minhas roupas e sapatos.
Parei de correr, parei de malhar, estou condensando a entrar numa vida sedentária.
Estou começando a viver numa jaula aonde vivem eu e meu próprio eu.
Estou estagnado a viver esticado numa cama aonde começo a criar minhas próprias feridas.
Eu sou a ferida de um ser humano passado. Vivo passando pelos maus tempos de uma estação tão desagradável.
Eu sou desagradável aos olhos nus
Eu sempre tentei viver uma vida saudável. Até cortei uma alimentação industrializada.
Estou sendo industrializado. Me sinto num envelope de suco, me sinto o próprio suco, me sinto pó.
Eu só queria um sorriso de um som bem cantado.
Hoje meu som esta distorcido pelas rotinas barulhentas de uma estrada cheia de buracos.
Eu sou o próprio buraco, eu sou a camada de ozônio.
Tudo que eu queria era apenas viver em paz. Não queria ouvir os tormentos de um instrumento mal tocado.
Tudo que eu queria era abraçar o que os braços nunca sentiram. Mas fui abraçado pelo abismo de uma bissetriz.
Tudo que eu queria era uma mente menos perturbadora que me deixasse dormir. Queria dormir, mas, que quando acordasse, caísse na realidade.
Eu queria ser a realidade para a tal da humanidade.
Eu queria ser o desabafo ouvido pelas vertigens. Eu queria ser a vertigem.
Queria eu então sentar e poder olhar para sol. Queria eu poder olhar para o mundo e poder contar com ele.
Queria eu amar intensamente a minha mente. Queria eu desmentir as sombras de um mar. Queria pegar as sobras de uma ruína e construir meu próprio lar.
Queria eu ter um lar.
Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 10/03/2011
Código do texto: T2839046
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