Dividida!
Uma parte de mim é só ternura,
A outra, crueza da carne, luxúria.
Uma parte de mim é esperança, a outra cobrança,
Dos sonhos de meu lado criança... Deixados para trás,
Feridos de morte, abandonados a própria sorte.
Uma parte de mim quer consolo, quer colo...
A outra implora sexo agora... Lascivo querer,
Me roubo os sentidos, corrompi os ouvidos,
Com vazias frases na contra- mão,
Loucuras e delírios do meu perdido coração!
Uma parte de mim se prostra e ora, enquanto chora,
Pelos pecados, pela visão do negro manto que cobre,
Mesclado ao vermelho de minha paixão...
A outra despi a vergonha e dança nua... Pagã e ancestral, num ritual,
Onde oferto minha virtude e mergulho num mar de vícios...
Eterno conflito, de duas partes,
Que habitam em mim e me faz sentir,
Que dividida assim, nunca serei feliz,
Nem terei paz.
Pois se num segundo sou meiga, cristã,
Logo em seguida sou cortesã.