Dividida!

Uma parte de mim é só ternura,

A outra, crueza da carne, luxúria.

Uma parte de mim é esperança, a outra cobrança,

Dos sonhos de meu lado criança... Deixados para trás,

Feridos de morte, abandonados a própria sorte.

Uma parte de mim quer consolo, quer colo...

A outra implora sexo agora... Lascivo querer,

Me roubo os sentidos, corrompi os ouvidos,

Com vazias frases na contra- mão,

Loucuras e delírios do meu perdido coração!

Uma parte de mim se prostra e ora, enquanto chora,

Pelos pecados, pela visão do negro manto que cobre,

Mesclado ao vermelho de minha paixão...

A outra despi a vergonha e dança nua... Pagã e ancestral, num ritual,

Onde oferto minha virtude e mergulho num mar de vícios...

Eterno conflito, de duas partes,

Que habitam em mim e me faz sentir,

Que dividida assim, nunca serei feliz,

Nem terei paz.

Pois se num segundo sou meiga, cristã,

Logo em seguida sou cortesã.

Observadora
Enviado por Observadora em 06/11/2006
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