Samba

Samba é poema roto umedecido em suor,

É fuga da tristeza e miséria circundante.

Samba é poema binário e ao fundo

Se ouve apenas o gemido da cuíca

Chorando para o surdo marcar compassado

os passos, os tropeços , as alegorias e a tentativa

de euforia inexplicável.

Samba é alegoria, é metáfora,

É ponte entre o impossível e o improvável

É a relva que sobrevivente entre as pedras

Nas agruras desérticas...

É a lágrima que se disfarça em alegria e bossa,

É Monalisa, Otelo e Mandrágora...

No alto da torre, a última luz se apaga

Aos poucos, vai comumente piscando devagar...

Piscando na memória flashes de saudade

E de medo da morte.

O samba não agoniza, não morre

E nem é imortal

É tão humano quanto fatal

E acaba toda graça nas cinzas da quarta-feira.

Até o samba. Até!

Até o próximo arlequim ou colombina

Novas fantasias para velhos sentimentos.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/03/2011
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T2832497
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.