Samba
Samba é poema roto umedecido em suor,
É fuga da tristeza e miséria circundante.
Samba é poema binário e ao fundo
Se ouve apenas o gemido da cuíca
Chorando para o surdo marcar compassado
os passos, os tropeços , as alegorias e a tentativa
de euforia inexplicável.
Samba é alegoria, é metáfora,
É ponte entre o impossível e o improvável
É a relva que sobrevivente entre as pedras
Nas agruras desérticas...
É a lágrima que se disfarça em alegria e bossa,
É Monalisa, Otelo e Mandrágora...
No alto da torre, a última luz se apaga
Aos poucos, vai comumente piscando devagar...
Piscando na memória flashes de saudade
E de medo da morte.
O samba não agoniza, não morre
E nem é imortal
É tão humano quanto fatal
E acaba toda graça nas cinzas da quarta-feira.
Até o samba. Até!
Até o próximo arlequim ou colombina
Novas fantasias para velhos sentimentos.