A dor envelhecida.
A dor comprimi-me a alma
entre o abdome e o pescoço,
míngua morrendo no amago
do corpo,
gélida, petrifica
o gelo dos ossos.
Ali, encolhesse e doe.
da seca garganta soturna
saem sons sem sentidos
grunhidos,
e doem.
Dos olhos pulam suplicantes pupilas
lacrimosas,
prescrutam o escuro,
a cura
buscam uma miragem,
sene segas seguem
e doem.
A envelhecida dor
puxa-me para dentro
e foge-me a luz,
pesa-me a cruz,
todo o meu ser se reduz
na insigne dor humana,
oh, que demônio
é esse
que apreça-se a abraçar-me
nas horas em que percorro o vazio
de mim!
E doem, doem.