Sinto-me vazio... e não tenho nada a dizer...
Uma vida vazia... É tudo que posso dizer.
Sem “ancoras”, “trancafiado”, preso no seu próprio corpo.
Lisonjeando as faces de toda uma vida.
Desprezível!
Só mentiras!
Bato à cara na casa de pau, alvenaria, da vida, mentiras, casa de cera, de vidro, sapê.
Um sopro e tudo desmorona...
À vida! Sem vida! Com levedo de sangue-púrpuro descendo-me os lábios.
Ah vida! Sem vida! Com sabor catódico de menta amanhecido no vinho envelhecido a sangue-rubi, fruto da vida.
Tudo pela vida... Vazia... Sem nada...
Vivo sozinho... Fechado... A sete chaves...
Não me conheço... Ninguém me conhece...
Quem eu sou de verdade?
Aquele que ama o nada, o tudo e a ninguém...
Aquele que vive desprezado por outrem...
Aquele sem escrúpulos, cujo único desejo é morrer!
Aquele que, destonadamente, vive-morre-sobrevive-renasce das cinzas obtidas da queima de seu coração.
Sem coração!
Sem nada!
Não sinto!
Tão só!
Largado!
À vida!
Na vida!
Na morte!
Na rotina!
Sem sorte!