De Compostela

Olham irónicas as pedras

os passos sonolentos

de quem se extravia por elas

na leva do frio vento

deste março sem águas.

Tudo foi dito e nada foi:

o mundo repete-se invariável,

mudo e espreitante boi

a arar com porfia insaciável

a aberta trilha que dói.

Sobre a necrópole da vila

o som da vida mói e remói.