NÁUFRAGA

Apenas o mar, em qualquer direção...
Sopra o vento, cavo, sem ângulo e visão...
O corpo da areia, só, sem distinção...
tão vasto, tão frio! E a minha solidão...
Apenas te amar, sem ter consolação...
pois que nem te avisto nesta imensidão
de céus e oceano - fusão da prisão
que aqui te encarcera, no meu coração.
Presente e ausente...Ah, vil desolação!
Silêncio e torpor, nos confins da razão.
Meu grito sem eco em qualquer audição...
As vagas não lavam esta dor da aflição
da tua distância, tão sem solução!
Calcina-me o sol, sem minha precaução...
Náufraga à deriva - lanço a imprecação:
"Tira-me esta vida, sem norte, sem chão,
pois nem o paraíso me exalta a emoção;
ou então, vivifica esta minha ilusão
de que és da minh'alma a vera salvação"!...



(Sem data)





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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 04/11/2006
Reeditado em 05/11/2006
Código do texto: T282045
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