O FIM

Ontem estava enfeitado,

Alegoricamente fantasiado...

Torcia feito fim de copa

Gritava feito dor de parto!

Queria ter o mundo:

Não se conteve com o pouco que lhe foi dado.

Pedia pelo meu amor...

E hoje pisa em cima feito lama

Bate, chuta e cospe!

Massacra e ignora!

Destroce, e inflama...

Já não corre atrás de mundos, nem abraça o futuro

Hoje tem pernas para fugir.

Hoje tem braços para dar adeus.

Ontem tinha libélulas no sorriso,

Graça pueril incandesceste

Mistérios cor de rosa no olhar

Festa no corpo a me tocar.

Hoje morcegos invadem o peito

Tarântulas tecem a minha agonia

Gigantes pisam no calo

Criado de pele e palavra fria.

A tua austera fidúcia

De onde saiu tanto?

De onde veio essa certeza imóvel

Que em mim fez surgir o pranto?

Escoimas-te o teu peito. Limpastes?

Secou de ti o amor que sentias?

Manteve-o inerte e frívolo?

O que aconteceu em ti?

O que aconteceu com as belas palavras?

Onde estão parados os dias de sol?

Explica-me!

Diga-me por onde ficaram os nossos lindos dias de amor...

Na estrada cheia de curvas ou foi a chuva quem os lavou?

Foi a noite que fez você dormir ou foi ao dia que te despertou?

Por onde estão as lembranças do nosso tão sublime amor...

Estão no museu da caixa de segredos ou na memória póstuma feito dor?

Explica-me!

Explica-me em qual caverna escondeste as razões.

Explica-me em qual varal pendurastes meus sonhos,

Aquele que te doei, aqueles que os partilhei.

Falastes ostensivo, tão judicioso. Ou o tentaste ser?

Tua ausência de palavras mutilaram as minhas

E tua vicissitude comportamental estropiou meu miocárdio.

Impediu-me de ter resposta, de falar-te à hora da partida.

Não acredito que fostes especioso?

Tiro de mim esse juízo...

Mantenho fendidas as veias desse caso, talvez esteja equivocada!

Talvez o melhor a ser feito seja trancar-me perante o amor,

Seja atribuir a mim mesma o antídoto para dor.

Ontem me destes rosas e hoje me deste o caule

Ontem te dei o mundo e hoje pede que eu me cale!

Afastastes de mim...

Escondestes de mim...

Destes um adeus de geladeira.

E mantêm essa frieza por muito, muito tempo.

Lorena Gentileza
Enviado por Lorena Gentileza em 20/02/2011
Reeditado em 20/02/2011
Código do texto: T2803940
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