E A ÁGUA LEVOU...


Olhando para trás, tudo perdido,
todo meu sonho foi destruido,
tudo que tinha, a água levou...
Mortos, minha mulher e a filha,
nada mais resta, da feliz família,
morto por dentro, tambem estou...

Salva las da morte, bem que tentei,
se estou aqui, por uma janela voei,
num segundo, nossa casa afundou...
Mente morta, está no ar, retardada,
olhando para a lama, onde era estrada,
pular naquele rio, pensando estou.

Quero morrer,com elas morreu a vida,
vou sacrificar me, preparo a corrida,
vou atirar me bem no meio do rio...
Não vou lutar, por que quero morrer,
sem elas, não conseguirei mais viver...
Mas na margem, afogando, um cão latiu...

Ao ver me, um terno olhar de amor,
como dizendo, vem salvar me senhor,
água subindo, e ele com a perna presa.
Mágico instante, um minuto, antes de morrer,
era meu cãozinho, conseguiu sobreviver,
pulei na lama, indo em sua defesa...

Senti o animal tremendo em meus braços,
caminhei com ele, em lentos passos,
pela estrada, cheia de pedras, e lama...
Acariciei o corpo, do ferido cãozinho,
senti, que já não era tão ermo o caminho,
sobrou o animal, que sei, muito me ama...

Chorando, o levava como um troféu,
talvez suas donas, me aplaudiam do céu,
por salvar quem nos deu tanta alegria...
Consegui ajuda, para livra lo daquela dor,
dediquei cuidados, com o mesmo amor,
que te deu sua dona, tantas vezes um dia...

Tempos passados...Nunca esqueci os meus.
Vivendo com o cão, sempre agradecendo a Deus,
foi por ele, que aquele dia não morri...
Ia dar um fim na vida, já estava decidido,
mas salvou me, seu lamentoso latido,
graças a ele, escrevendo estou aqui...



GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 20/02/2011
Código do texto: T2803512
Classificação de conteúdo: seguro