AGORA...
Odir, de passagem
 
Agora,
O que farei do que restou do fim,
se tudo o que não quis aconteceu,
se o meu eu se despediu de mim
e dos meus devaneios se perdeu?
 
Agora,
quando a fonte das fugas não me farta,
como chegar ao cume das montanhas
para alcançar o amor, antes que parta
dos meus desejos e paixões tamanhas?
 
Agora,
devassados estando os meus segredos,
servindo de gracejos e chalaças,
o que farei das sombras dos meus medos
e do silêncio aflito das mordaças?
 
Agora,
que a nostálgica noite se eterniza
na vasteza invernosa do vazio.
como calar o tônus da tristeza,
acalorar a sensação de frio?
 
Agora em que sou eu sem ser eu mais,
quando a morte se mete em minha vida
com desforços e ditas desiguais,
quando não sei da senda a ser seguida,
quando os meus pesadelos são plurais,
 
É que sei quanto faltas no que fui
mesmo sabendo que o que fui não sou.
É que sei tua falta o quanto influi
na saudade do tempo que passou!
 
Agora que o começo chega ao fim
que chega ao fim de mim o que restou
despeço-me da vida de onde vim
e para o nada novamente vou...
 
JPessoa, 16.02.2011
oklima
Enviado por oklima em 18/02/2011
Código do texto: T2798786
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