Eu sou

Como restos de tinta nas bordas de um quadro não terminado;

Como a chuva decepcionante após um dia ensolarado.

Como o frio que de repente interrompe o verão;

Como o vidro que se quebrou e ainda há cacos pelo chão.

Como um Conto de Fadas sem final feliz;

Como a tola sabedoria de um jovem aprendiz.

Apenas pedaços, fragmentos de um elo perdido;

Vazios espaços de um sonho esvairido*.

Sobras de esperança, destroços de ilusão;

Uma caixa de lembranças de um abatido coração.

Parte do nada, metade de coisa alguma;

Muda serenata, inútil criciúma.

"Sou apenas o que restou do que um dia eu sonhei em ser!"

Yngrid Lopes Martins

05/02/2011

*Neologismo. Substantivo do verbo Esvair!