Meu Espelho.
Meu Espelho.
Levantei e me senti tão apaixonado,
Ao olhar no espelho, vi minha imagem,
Admirei meus traços, meu rosto, meu semblante, meu sorriso, meus lábios, meu cabelo, meus músculos, meus olhos, minha vida.
Vi como sou tão especial, perfeito.
Vi que da vida não posso reclamar; pois Deus foi tão gracioso.
E eu muitas vezes fui tão supérfluo, hoje vi que devo engolir meu soberbo.
Vi que devo me refletir, ficar num canto da parede e deixar que a consciência fale por mim mesmo e pare de pesar. Vi que devo dar valor nas coisas perfeitas.
Vi que, entre meus traços, ficará uma cicatriz de tão arrogante e ingrato.
Vi que o sol sempre raia em minha pele e eu sempre vou a uma sombra.
Tento superar esses traumas dessa equivocação, tento suprir os passos que faltam para não pisar em falso e perder o equilíbrio que surge em minha mente. Tento viver em maior harmonia, no amor, profissional, familiar, Deus e poeticamente, para viver eticamente. Não sou equilibrista, mas a vida é uma arte.
Quero agora pisar no chão descalço e sentir o pó, pois do pó eu fui feito.
Quero beber a água da chuva, quero tomar banho de chuva como uma criança toma. Como era bom ser criança e eu nem dei valor a essa fase, mas queria eu que minha face envelhecesse. Envelheceu então e eu tão ingrato... Fiz esboço de minha caricatura – fiz um esboço de um monstro.
Mas nessa nitidez que tive sobre a vida, vi que ainda há um pouco de tempo em meu relógio. Há tempo para acordar e ser acordado, há tempo de recuperar o que deixou sempre guardado numa gaveta que é a vida.
Meu espelho – meu eu.
Agora já podem chorar.
Renato F.Marques.