MENINO DE RUA
Não tem nome
Não tem rosto
Não tem sonhos
Não tem nada.
Pés descalços
Mãos armadas
Roupas rotas
Liberdade vigiada.
Tudo quer
E nada alcança.
Ser gente...
Vã esperança!
Vítima do luxo!
Filho do lixo!
Degradante matéria;
Revoltante miséria!
Tem por teto, as estrelas.
Tem por manto, o sereno.
Repousa no meio do lixo
Tão frágil, tão pequeno...
Barco sem vela e sem remo,
Vaga pelo mundo, errante.
Beco sem saída
Que insiste em ir adiante.
Passos trôpegos, vacilantes,
Segue em frente o menino.
Fera acuada, fera ferida
Ferindo, dos outros, o destino.
Quando morre, vira notícia.
Seu corpo-menino na rua
Tinge de vermelho a indiferença...
E a vida continua.
Obs.: Poema publicado no meu Livro de Poesias intitulado "FRAGMENTOS DO CORAÇÃO".
Pág. 46 e 47