Sua ausência
Eu aguardei com suspiros e o vento
atenuando o meu instinto, esvaindo
na fumaça do cigarro ou na liberdade das aves
o surgimento anônimo
no grande porto da vida
dessa embarcação noturna
que me trazia aquela com lábios evidentes
e possuindo um olhar indubitável,
mulher com dedos espirituais
e braços religiosos...
Aquela mulher d’aurora
com chamas pelo corpo
e suplicas silenciosas nas pupilas.
Amada que não surgiu como a noite prometera
numa oscilante nuvem, acordar
meu coração de cinzas e alguma carne...
Amante que esqueceu-se não sei aonde
a punir meus dias involúveis
ou a asfixiar meu sexo no esqueleto
deste carnal desespero!