o legado de uma pintura
Teu sorriso é deprimente,
tuas palavras, uma escória,
um olhar morto que vejo em tua mente,
sepultada em vida tua glória.
Material orgânico e frio
assim te sinto, te tenho nojo;
uma visão negra do vazio
anoitecido em todo seu desgosto.
Me és também o cemitério ambulante
e teu silêncio, a enigmática agonia,
insegura dos passos de seu ser rutilante
à espera da putrefação que principia.
Às margens de tua esquálida figura
sinto tua vida, tão amarga e tão escura;
da hemorragia do sorriso de tua pintura,
aprecie-me agora, o legado de tua loucura.