Sinto-me vazio
Sinto-me vazio...
Um vazio enorme,
No peito
Envenena minha alma
Com essa angústia,
Esse buraco
Negro...
Sem fim, sem princípio,
Nem meio, nem 3/4,
Apenas este vazio...
Sem eira nem beira,
Do nada me envolveu,
E do tudo me tira,
Absorvendo a essência de viver,
Me dando desgosto e vontade de morrer,
Assola-me em meio ao desespero,
A agonia de existir sem existir,
Na solidão da vida,
Do buraco sem fim,
Da carreira interrompida,
Daquela coisa sem explicação...
Sinto-me vazio...
Não de amor, ódio,
Raiva, rancor,
Fome, sede...
Faz-me falta tudo isso...
Num conjunto abstrato e oblíquo
De carinho, compreensão e afeto,
Falta-me felicidade,
Falta-me a presença da “vida”
Tão figurada e transviada
Sem sentido e sem motivos
Sinto-me vazio...
Sua falta me trás esse vazio
Sua vida que a morte a levou...
Seu vazio, que me faz vazio!