RIO

No passado

Presente, caudaloso,

Generoso,

E em calmaria, corria

Turbulento. E só rio .

Sorria,avesso aos perigos

Era amigo! Sem medos, lajedos,

Lava-bundas, borboletas, piabas,

Lambengos, corrós,

Iuiús, galinhas-d’água

Príncipes e socós.

Asilo da sede dos rebanhos.

Primeiro verso, primeiro amor,

Rio que corpos e almas banhou.

Lavandeiras,cantorias,

Rio-serenata, rio-poesia!

Agora escoado,

Fosso sujo, escorraçado,

Relicário tantas vezes visitado.

Hoje um leito sem leito

Sem jeito

Saudade! Maldade!...

Homem que polui e castra,

Casta que corrompe e a tudo mata.

Amputou braços, nascentes,

Vazou olhos impedidos de chorar

E tuas lágrimas, doces águas

Poluídas,acorrentadas!

Já não rio, não sorrio! Sofrer...

Espelho de águas... vida

No útero da terra esvaída

Impedidos de correr.

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 01/02/2011
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