Aqui até o amanhecer
Meus pés parecem ter vida própria nesta estrada deserta,
Que sem a tua companhia pareço ter morte certa...
Não suporto mais a distância estabelecida,
Quero percorrer de mãos dadas com você a nossa vida...
O momento anônimo ao qual nos atamos,
Dicionário decodificado do que nunca fomos...
Peças perdidas alheias ao grande quebra-cabeça...
Fomos arrebatados por algo que talvez nunca aconteça...
Me procuro nos meus costumes,
Na minha vidinha metrificada,
Onde só encontro meus ciúmes,
E a ausência tua na minha cama na madrugada.
Teu eu pertence à outra que possui tua aliança,
Eu nem ao menos poderia te dar uma criança,
Sou terra estéril onde o teu eu veio plantar,
Onde já está marcado com as marcas de teu caminhar.
Andas em mim por todos os dias,
Faz projetos, todos perfeitos e dourados...
Sou daquelas que as outras chamam de vadias...
Aquelas que sem querer amam homens casados...
Esta é a primeira vez que amo alguém comprometido,
Foi maior que eu, culpa de meu coração atrevido...
E agora? Sofro e te deixo ir embora?
Ou te deito em minha cama e me torno tua senhora?
Me diz o que quer dessa tua descoberta?
Me largas sozinha nas escuras ruas deserta?
Me toma em teus braços e me ama agora?
Serei eu a outra ou a tua senhora?
Responda! Tenha coragem de dizer!
Porque continuarei aqui, até o momento de amanhecer...
Aqui até o amanhecer...ou até que venhas me dizer...