Poema da calçada...

Descem as pedras da calçada

Entre pontapés esguios, sortidos

Nos gritos abafados das crianças

No andar apressado da Mulher

Aquela que se despe em cada esquina

Aquela que leva o pão para casa

A que fica com dez filhos a sua volta

E a que em veste finas e saltos altos

Ainda consegue trabalhar para si

Na rua da pobre calçada esburacada

O peão perdido do seu cavalo e viola

Jaz entre vômitos, deitado, sujo e inerte

Com cantos em fortes lamentos a vida

O homem do boteco, sentado na escada

Com sua bata já encardida, com olhar triste

Percorre seus pensamentos e chora

Chora por aqueles que já se foram

Uma bola invade seus pés e uma menina

Com um belo sorriso, cheio de luz

Estende a suas mãos e o chama de avô

Entre abraços apertados, temendo

O medo de perder também o seu amor

Mas aquela rua tem um palhaço de vestes

Já meio desgastadas pelo tempo e idade

No rosto pintado os olhos cor de mel

Grandes, cheios de amor, sorrindo

A todos que lá passam de mão estendida

Fazendo pequenas graças, na sua alegria

A noite chega fria, a chuva, a água que cai

Sem parar, enchendo ruas e casas já velhas

O pouco que já tem fica em nada, nada mesmo

Ajudam-se, partilham sua dor, entre abraços

Entre palavras de esperança, no poste sem luz

Seus joelhos já sentem ardor e cansaço

Sem ter para onde ir ficam ali na rua da calçada

Esperando que amanhã seja um novo dia...

Betimartins

Betimartins
Enviado por Betimartins em 25/01/2011
Código do texto: T2750614
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