Cedo e tarde
Te vi, uma vez, e tal ventura me abrasava
De sonhar-te um dia minha mulher;
Mas algo de infeliz me torturava,
Eu passar por ti sem te tocar sequer.
Ao aquecer da manhã sais cantarolando
Pelas ruas coloridas; brilham teus pingentes
Nesses olhos verdes que vão verdeando
O mar e deixando fascinada toda gente.
De quem herdaste o busto angelical?
Quem sabe não seria de uma santa,
Aquela meiga e lívida vestal
Que nas pinturas se vê sob uma manta?
Em teu caminho o sol acaba de nascer
E eu já vejo no horizonte o meu poente;
Te encontrei assim, tão de repente...
Em minhas pedras o que há de florescer?
Minha vida encerra a tristeza e o segredo
De ver que te encontrei, minha açucena,
Ainda tão cedo pra não te amar, tão cedo,
E tarde, tão tarde pra dizer – que pena!